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Amanda Ayumi Mikami obteve nota máxima no trabalho de conclusão do curso de Administração

Escrito por Carlos Dias, Amanda Mikami, Márcia Azevedo e Luciana Onusic

Amanda capa portal
Amanda Ayumi Mikami na matrícula em fevereiro de 2020 (Foto: Arquivo pessoal)

No dia 20 de fevereiro, Amanda Ayumi Mikami, estudante do curso de Administração da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen/Unifesp) - Campus Osasco, defendeu o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Planejamento, Organização e Gestão do Tempo dos Discentes de Administração para Vida Acadêmica e Profissional”.

O trabalho pretende compreender como os(as) discentes do curso de Administração que trabalham planejam, organizam e gerenciam seu tempo para equilibrar suas demandas acadêmicas e profissionais, bem como identificar as práticas e as dificuldades que eles(as) possuem ao lidar com essas exigências. Os dados foram coletados por meio de questionário eletrônico, com um total de 241 respostas válidas. A partir da análise qualitativa, foi revelado que as principais dificuldades estão relacionadas à gestão do tempo, às demandas conflitantes entre trabalho e estudo, e os aspectos físicos e mentais em decorrência da rotina extenuante. “Foi possível notar que as técnicas de planejamento, organização e gestão de tempo mais estruturadas são subutilizadas pelos(as) estudantes, que optaram por práticas menos sistemáticas e mais improvisadas. O outro ponto preocupante é o déficit significativo no tempo dedicado para as atividades acadêmicas pela maior parte dos(as) respondentes, dedicando apenas de 0 a 4 horas semanais aos estudos”, pontua Amanda.

O estudo evidenciou que não existe uma solução única para os desafios enfrentados pelos(as) discentes trabalhadores(as), o que torna indispensável ter um olhar individualizado e adaptado, bem como personalizar as estratégias e intervenções para promover o planejamento, a organização e a gestão de tempo mais eficiente e alinhada, que possa contemplar as realidades e as necessidades de cada grupo distinto. “O apoio institucional, familiar e laboral é de extrema importância para que os(as) estudantes consigam enfrentar os desafios de maneira proativa e efetiva”, destaca a pesquisadora.

A banca de avaliação foi composta pela professora Márcia Carvalho de Azevedo, presidente e orientadora, e pela professora Luciana Massaro Onusic, que era diretora acadêmica do Campus Osasco quando Amanda ingressou em 2020. Ao final da arguição, Amanda foi aprovada com a nota máxima.

A professora Márcia destaca o pioneirismo da aluna, que foi a primeira estudante surda a ingressar em cursos de graduação da Unifesp e a primeira a defender seu TCC. Além disso, muito em breve, será a primeira a colar grau e se formar. “Foi necessário ter cuidado na hora de planejar as aulas, falar devagar e alto para que o(a) intérprete de Libras pudesse compreender e interpretar da melhor forma possível. O trabalho como orientadora foi muito recompensador, pois a Amanda é uma excelente aluna, muito dedicada e comprometida. O resultado do seu TCC foi ótimo”, elogia a orientadora.

A professora Luciana também relembrou o período de formação da aluna. “Foi um grande desafio como professora e diretora. A gente queria atender da melhor maneira possível, mesmo com as restrições e dificuldades. Agradeço, em especial, o trabalho da Alessandra Ramada da Matta, que integra o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) do campus, e aos(às) intérpretes de Libras.

Para o professor Carlos Eduardo Sampaio Burgos Dias, atual coordenador de Apoio Educacional, Acessibilidade e Inclusão da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas (Praepa), Amanda representa o sucesso das políticas afirmativas em nível nacional e local. Para ele, que atuava como pedagogo do Núcleo de Apoio Estudantil (NAE) do Campus Osasco quando Amanda ingressou na Unifesp, vê-la praticamente formada e defendendo um TCC avaliado com nota máxima, indica que, nesse período, a Unifesp pôde aprender com a aluna, primeira estudante surda da graduação usuária de Libras. “Quando falamos que as instituições aprendem com a diversidade, estamos falando da oportunidade de pensar e agir diferente. A Amanda nos oportunizou repensar uma série de trâmites administrativos e aspectos pedagógicos, incluindo ferramentas tecnológicas que talvez poderíamos classificar como tecnologias assistivas”, afirma Carlos.