Projeto de pesquisa da Unifesp investiga as jornadas de trabalho e as condições laborais de estivadores
Trabalho internacional abrange portos no Brasil e em outros 43 países
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A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por meio do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) - Campus Baixada Santista, lidera o projeto internacional Organização e Condições de Trabalho dos Estivadores: Um estudo internacional sobre as jornadas de trabalho, que avalia as condições laborais e as jornadas dos estivadores em portos no Brasil e em 33 países, entre eles Chile, Uruguay, Guatemala, Nicarágua, Estados Unidos, Espanha, Bélgica, Costa do Marfim, Senegal e Austrália.
Financiada pela Fapesp (Processo nº 2024/07782-9) e coordenada pela docente do ISS/Unifesp Maria de Fátima Ferreira Queiróz, a pesquisa busca compreender os impactos da organização do trabalho portuário, das condições de trabalho e das jornadas de trabalho na saúde dos trabalhadores e propor políticas que possam minimizar e/ou eliminar os efeitos adversos provocados por jornadas de trabalho extensas.
Dados preliminares do estudo apontam que estivadores nos portos mundiais enfrentam turnos de até 12/14 horas, frequentemente sem pausas adequadas, enquanto a introdução de novas tecnologias e diversos modelos de organização do trabalho, combinadas com práticas tradicionais, intensificam o ritmo e a carga de trabalho.
A pesquisa utiliza questionários estruturados, baseados em instrumentos reconhecidos como o questionário sobre a jornada de trabalho parte II do Workers’ Inquiry (traduzido como Uma Enquete Operária), desenvolvido por Karl Marx em 1880 e a validada Escala de Fadiga de Chalder. Com o apoio do International Dockworkers Council (IDC), da Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e da Unión Portuaria de Chile, o estudo adota métodos quantitativos, analisados por meio do software SPSS, para correlacionar as condições de trabalho, a organização do trabalho e jornada de trabalho com os níveis de fadiga e saúde dos trabalhadores. Na investigação estão incluídas visitas com observação apoiada na ergonomia e entrevistas com coordenadores sindicais nos portos de Iquique, Antofogasta, Lirquen, San Vicente e Puerto Montt (no Chile), Montevideo (no Uruguai) e Abidjan (na Costa do Marfim).
“A modernização dos portos trouxe desafios significativos para a saúde dos trabalhadores. Nosso objetivo é fornecer subsídios para políticas no trabalho portuário que equilibrem a produtividade, a segurança e a vida digna aos trabalhadores dos portos mundiais", comenta Maria de Fátima.
Com conclusão prevista para 2026, o projeto busca identificar problemas e propor soluções que promovam ambientes portuários mais saudáveis e sustentáveis. "Compartilhar conhecimentos, ao criar espaços de participação dos estivadores na pesquisa e criar mudanças reais é a essência deste estudo", destaca a pesquisadora.