Unifesp participa do 2.º Encontro do Fórum das Universidades Públicas de São Paulo pela Igualdade de Gênero nas Carreiras Científicas

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) participou, na última sexta-feira (28/3), do 2.º Encontro do Fórum das Universidades Públicas de São Paulo pela Igualdade de Gênero nas Carreiras Científicas. Realizado na Universidade de São Paulo (USP), o evento reuniu representantes das seis universidades públicas paulistas – Unifesp, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Evento reuniu representantes das seis universidades públicas paulistas – Unifesp, USP, Unicamp, Unesp, UFABC e UFSCar

As instituições foram representadas, respectivamente, por Lia Bittencourt, vice-reitora da Unifesp, Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da USP, Maria Luiza Moretti, coordenadora geral (vice-reitora) da Unicamp, Maysa Furlan, reitora da Unesp, Maria de Jesus Dutra dos Reis, vice-reitora da UFSCar, e Mônica Schröder, vice-reitora da UFABC.

Durante o encontro, foi lançada a 1.ª edição do Índex da Igualdade de Gênero nas Universidades Públicas do Estado de São Paulo, um estudo inédito que fornece um panorama detalhado sobre equidade de gênero no ambiente acadêmico. A pesquisa revelou que os cargos de direção ou chefia ainda são predominantemente ocupados por homens (58,1%), com exceção da Unifesp, onde as mulheres representam 55% dessas posições, evidenciando a instituição como um caso único no cenário acadêmico paulista.

Durante o evento foi exibido um vídeo com a fala da reitora da Unifesp, Raiane Assumpção

Outro dado relevante do estudo indica que a Unifesp tem a maior proporção de mulheres docentes entre as universidades analisadas, com 51,1%, superando a média geral das instituições (40,5%) e contrastando com a USP e UFABC onde, respectivamente, apenas 37,6% e 32,7% do corpo docente é feminino. Além disso, a universidade rompe com o chamado “efeito tesoura” – fenômeno no qual há uma diminuição do número de mulheres nos níveis mais altos da carreira acadêmica. A Unifesp é a única entre as instituições avaliadas onde as mulheres são maioria entre professoras associadas (56,2%) e quase atingem paridade entre as professoras titulares (48,2%).

A vice-reitora Lia Bittencourt representou a Unifesp durante o evento

Apesar do protagonismo feminino na Unifesp, o levantamento também apontou desafios estruturais. Apenas 6,3% das professoras na instituição ocupam o cargo de titular, abaixo da média geral de 11,4%. Além disso, a presença de mulheres negras nos níveis mais altos da carreira ainda é mínima: professoras pardas representam apenas 1,5% das titulares, enquanto as docentes pretas são apenas 0,2%. O estudo também revelou um número significativo de docentes que não se autodeclararam em relação à raça/cor, o que reforça a necessidade de abordagens mais precisas na coleta desses dados. Esses resultados evidenciam a importância de políticas institucionais que considerem a interseccionalidade entre gênero e raça para garantir maior equidade no meio acadêmico.

“Isso pode sugerir que a carreira do magistério superior é ainda mais atrativa para o sexo masculino do que para as o sexo feminino, ou que os homens teriam mais facilidade no acesso e manutenção nas universidades. Quando se observa maior porcentagem do sexo masculino nos diversos níveis da carreira, podemos deduzir que os homens teriam mais facilidade ou oportunidade de progressão na carreira, considerando que as mulheres com a mesma capacidade muitas vezes dividem seu tempo com outras atividades familiares ou no âmbito doméstico”, comentou Lia Bittencourt.

Lidiane Cristina da Silva, superintendente de TI da Unifesp, durante apresentação dos dados da instituição

"A apresentação dos dados da Unifesp neste Fórum não apenas reforça nosso protagonismo na igualdade de gênero, evidenciado pelo Índice, mas também sublinha a importância de uma análise contínua e aprofundada. A participação ativa da Unifesp no grupo de trabalho responsável pela coleta e sistematização dos dados proporcionou uma valiosa troca de experiências na gestão e aprimoramento das informações em nossas instituições", declarou Lidiane Cristina da Silva, superintendente de TI da Unifesp e responsável pela apresentação dos dados da universidade.

Protagonismo da Unifesp na igualdade de gênero

Na visão da reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, a participação da Unifesp no fórum reforça o compromisso da universidade com a igualdade de gênero e a inclusão, tanto na gestão acadêmica quanto na formulação de políticas que promovam oportunidades igualitárias para todas as suas docentes. “A instituição segue como referência no debate sobre equidade, reafirmando sua trajetória de liderança feminina na administração e em cargos de chefia”.

Em relação aos dados apresentados na pesquisa, Raiane destaca que essa característica da Unifesp pode ser decorrente de uma longa e sólida trajetória na área da saúde, uma busca constante de conscientização da comunidade para a equidade de gênero, fruto de campanhas, eventos e da política institucional que procura, por intermédio de suas ações de inclusão e ações afirmativas, prezar pela equidade e diversidade, desde editais para processos seletivos, bancas de avaliação, editais de bolsas e fomentos para pesquisa, processos de premiação e indicações de cargos.

“Em todas as IES houve o predomínio de pessoas brancas na amostra total, bem como entre os sexos, níveis de carreira e cargos de direção e chefia, reforçando a existência da desigualdade racial dentro das universidades. Esse relatório apresenta dados simples que demonstram as desigualdades de gêneros e raça entre os docentes, níveis de carreira e cargos de chefia e direção nas universidades paulistas, o que nos motiva a continuar estudando e propondo políticas e mudanças em busca de equidade”, completou a reitora. 

Assista ao evento na íntegra abaixo.

Fotos: Marcos Santos