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Trabalhos com amostras globais e brasileiras evidenciam os benefícios de práticas saudáveis na juventude para o bem-estar físico e psicológico

Escrito por Ligia Gabrielli
Imagem mostra um homem de frente para o espelho fazendo atividade física
(Imagem ilustrativa)

O pesquisador Eduardo Rossato de Victo, do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, liderou dois estudos que trazem novas evidências sobre como a prática de atividade física e comportamentos de estilo de vida podem influenciar a saúde física e mental de adolescentes. Publicados em revistas científicas reconhecidas, os artigos abordam aspectos globais e locais da adolescência, com foco em práticas saudáveis e prevenção de comportamentos de risco.

O primeiro artigo, intitulado Association of physical activity and sitting time with tobacco and alcohol use in 222,495 adolescents from 66 countries, publicado na BMC Pediatrics, analisou dados de adolescentes de 66 países. O estudo identificou que a prática de atividade física está associada a uma menor probabilidade de consumo de álcool e tabaco, incluindo episódios de embriaguez.

O destaque da pesquisa foi a constatação de que mesmo aqueles(as) que não atingem as recomendações semanais de atividade física, mas realizam alguma prática regular, apresentam um risco reduzido de consumir essas substâncias quando comparados(as) a indivíduos completamente inativos.

"A prática de atividade física cria um ambiente favorável para escolhas de vida mais saudáveis. Esses dados ressaltam que promover até pequenas quantidades de exercício pode trazer benefícios significativos na redução de comportamentos de risco entre adolescentes", aponta o pesquisador.

O estudo, pioneiro em incluir países de diferentes níveis socioeconômicos fora da América do Norte e Europa, ressalta a necessidade de políticas públicas globais que incentivem a atividade física como estratégia de prevenção ao uso de substâncias entre jovens.

O segundo artigo, intitulado Associations of lifestyle behaviors with mental health in a nationwide cross-sectional survey of 152,860 Brazilian students, publicado na Revista Paulista de Pediatria, analisou dados de 152.860 estudantes brasileiros(as) para compreender como comportamentos de estilo de vida influenciam indicadores de saúde mental.

Os resultados indicaram que comportamentos como uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e frequência escolar estão associados a melhores índices de saúde mental. Por outro lado, comportamentos de risco, como consumo de álcool, tabaco e uso de drogas, mostraram uma relação negativa com o bem-estar psicológico.

O estudo também revelou a relevância do contexto escolar como espaço de promoção de saúde mental, evidenciando que adolescentes com maior frequência às aulas apresentam melhores índices de bem-estar emocional.

"Os resultados reforçam a necessidade de integrar estratégias de promoção de saúde mental ao cotidiano escolar, considerando a influência de comportamentos modificáveis na juventude", afirma Eduardo Rossato de Victo.

Implicações e caminhos para o futuro

Os achados dos dois estudos apontam para a importância de políticas públicas que promovam hábitos saudáveis desde a infância. Incentivar a prática de atividade física, criar ambientes escolares acolhedores e conscientizar sobre os riscos de substâncias como álcool e tabaco são estratégias fundamentais para garantir o bem-estar de adolescentes.

Os artigos também destacam a importância de pesquisas focadas em regiões como a América Latina, que ainda carece de estudos abrangentes sobre os impactos de comportamentos juvenis na saúde física e mental."As evidências reforçam que investir na saúde dos(as) jovens, especialmente na promoção de estilos de vida saudáveis, traz benefícios não apenas para o presente, mas para toda a vida adulta. Precisamos mobilizar esforços para apoiar iniciativas que integrem atividade física, educação e saúde mental em um mesmo ecossistema", conclui o pesquisador.