Unifesp realiza III Seminário de Acessibilidade e Inclusão: estratégias para permanência
Evento contou com palestras e discussões sobre a permanência de estudantes com deficiência na universidade
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Mesa de abertura do evento
Na terça-feira (03/12), das 9h às 17h, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) promoveu o III Seminário de Acessibilidade e Inclusão: estratégias para permanência, que foi realizado no anfiteatro térreo da Reitoria e contou com transmissão pelo canal Unifesp ao Vivo no YouTube. O evento, realizado em comemoração aos 30 anos da Unifesp e em celebração ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, foi organizado pela Câmara Técnica de Acessibilidade e Inclusão da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas (Praepa) da Unifesp.
O seminário teve como objetivo promover o debate sobre as ações afirmativas para pessoas com deficiência na universidade, buscando estratégias para promover a permanência destes(as) estudantes. O evento contou com palestras sobre acessibilidade e discussões com representantes dos Núcleos de Acessibilidade e Inclusão (NAIs) e estudantes com deficiência.
Plateia no anfiteatro térreo da Reitoria da Unifesp
Mesa de abertura
Às 9h, foi realizada a abertura do evento, com a participação da reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, do pró-reitor de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas, Anderson da Silva Rosa, da coordenadora da Câmara Técnica de Acessibilidade e Inclusão e coordenadora de Integração Acadêmica da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (ProPGPq), Marisa Sacaloski, e do coordenador de Apoio Educacional, Acessibilidade e Inclusão, Carlos Dias. O mestre de cerimônia foi o pedagogo da Unifesp, Marcio Horta, que é uma pessoa com deficiência visual.
Marcio Horta
Em sua fala, Carlos Dias afirmou que a Unifesp vem trabalhando para garantir o acesso e a permanência de estudantes com deficiência. Dentre as ações da universidade, ele destacou a criação dos NAIs como uma estratégia importante, uma vez que se aproximam dos(as) estudantes nos campi. Carlos mencionou ainda que espera que as discussões do evento contribuam de forma prática e conceitual para a revisão de documentos institucionais, como, por exemplo, o regimento de graduação, tendo em vista a permanência dos(as) estudantes do ponto de vista pedagógico.
Carlos Dias
Na sequência, Marisa Sacaloski salientou a importância do evento, já que discutir acessibilidade e inclusão não é uma pauta da Unifesp, mas de toda a sociedade. “É preciso entender a diferença como um atributo e não como um obstáculo. Temos avançado muito na Unifesp e precisamos entender que os ajustes solicitados pelos(as) estudantes são direitos, acolhendo a diversidade dentro do âmbito universitário”, pontua.
Marisa Sacaloski
Em seguida, Anderson da Silva Rosa falou que, na primeira edição do seminário, a Unifesp tinha o sonho de se tornar mais inclusiva. “Gostaria de agradecer todas as pessoas que acreditaram nesse sonho, especialmente às equipes dos NAIs, que são pessoas que lidam com os desafios e fazem tudo isso acontecer no dia a dia”. Anderson também comentou o processo que levou à alteração da estrutura e objetivos da Pró-Reitoria. “Fomos amadurecendo até ter uma Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e não só de Assuntos Estudantis, que trabalha de forma transversal. O modelo que construiu a base para a criação da Praepa foi a Política de Acessibilidade e Inclusão da Unifesp”, comentou. O pró-reitor também destacou o trabalho realizado pela Câmara Técnica de Acessibilidade e Inclusão, que desenvolve um trabalho transversal com as demais pró-reitorias, tomando decisões em conjunto sobre os melhores caminhos para implementar as ações. Anderson pontuou ainda a necessidade de avançar. “Precisamos ouvir os(as) estudantes para saber as ausências que sentem. Ficamos felizes em saber que temos sido mais procurados por pessoas com deficiência, que têm olhado a universidade como um lugar mais acessível. As pessoas quando chegam na universidade já ultrapassaram muitas barreiras. Ter mais pessoas com deficiência na universidade significa lidar com necessidades cada vez mais diversas. Vejo que o mercado que atua com ações para acessibilidade precisa se preparar e se profissionalizar mais para atender as demandas nessa área, as universidade em todo o Brasil têm encontrado dificuldades na contratação desses serviços. Nosso principal desafio são as questões culturais, comunicacionais e pedagógicas. Vejo esse seminário como uma forma de aprendizagem e de capacitação para nossa comunidade”, finalizou.
Anderson Rosa
Raiane Assumpção iniciou sua fala agradecendo à comissão organizadora do seminário e destacando o evento como um momento de reflexão, contextualização do caminhar da universidade e de sua intencionalidade. “Trata-se de uma oportunidade para revisar rotas, repensar perspectivas e reafirmar o compromisso com a acessibilidade e a inclusão como estratégico para nossa missão institucional”. A reitora pontuou os avanços obtidos no atendimento de servidores(as) com deficiência e também a necessidade de trazer a acessibilidade e a inclusão para a estrutura da universidade. Além disso, Raiane comentou os desafios de operacionalização da Política de Acessibilidade e Inclusão. “A Praepa assumiu a tarefa de acionar as outras pró-reitorias para que essas questões permeassem as atividades institucionais”. A reitora mencionou ainda que a Unifesp tem obtido reconhecimento nacional e internacional na área de acessibilidade e inclusão, tendo pessoas especializadas e dispostas a contribuir com a área. Ela sinalizou a necessidade de formação de profissionais, uma demanda que a Unifesp tem buscado atender. Por fim, Raiane falou sobre os desafios da permanência, tema do seminário. “Temos que pensar o permanecer no sentido de fazer parte da universidade. A escolha desse tema demonstra nosso compromisso institucional e a universidade que queremos ser. Trata-se de um processo permanente. Somos referência nessa área para outras universidades. Agradeço às pessoas que fazem as propostas e fazem acontecer, contribuindo para tornar a Unifesp cada vez mais inclusiva”, concluiu.
Raiane Assumpção
Palestra sobre o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA)
Às 9h30, o professor Eladio Sebastian Heredero proferiu a palestra “Mudando o paradigma dos planejamentos para a inclusão: o Desenho Universal para a Aprendizagem”, direcionada a docentes a fim de obterem ferramentas para tornar suas atividades didáticas mais inclusivas.O professor foi apresentado pela bolsista da Praepa, Flávia Paniz. O mediador da palestra foi o pedagogo da Unifesp, Marcio Horta. O professor Eladio iniciou sua fala apresentando as premissas para a educação inclusiva: conceito amplo de diversidade, nova forma de entender a escola, mudanças nas formas de ensinar e foco na educação para todos(as). “Os currículos são deficientes e não as pessoas, pois os currículos não são adaptados. É preciso pensar em acesso, permanência e educação de qualidade. Para pensar uma instituição inclusiva, precisamos pensar em pessoas em uma diversidade ampla, em heterogeneidade. É preciso criar uma cultura inclusiva antes mesmo de políticas inclusivas. Outro ponto fundamental é mudar as formas de ensinar, uma vez que as pessoas aprendem de formas diferentes”.
Eladio Sebastian Heredero
O professor também pontuou as premissas para um planejamento para a inclusão. “É fundamental ter um currículo aberto e flexível, que abranja adaptação, flexibilização e diferenciação. A diferenciação curricular significa ter um currículo que se adequa ao percurso didático. O currículo seria apresentado de maneira condizente às singularidades dos(as) estudantes”. O professor também apresentou o conceito do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que vem da Arquitetura. “O conceito tem a palavra desenho, que é mais abrangente que currículo; tem universal, que significa que é para todos(as); e, por fim, tem aprendizagem, que mostra que o foco está neste processo. O DUA é um conjunto de princípios e estratégias relacionadas com o desenvolvimento curricular, que pretende proporcionar flexibilidade na forma de apresentar as informações e reduzir as barreiras na forma de ensinar”. Eladio destacou a organização do DUA em princípios, diretrizes e pontos de verificação. “São três princípios: proporcionar múltiplas formas de apresentação; de ação e expressão; e de motivação. Esses princípios se relacionam com área de reconhecimento (o que), área estratégica (como) e área afetiva (por que e para que)”. Por fim, o professor salientou a importância de se pensar coletivamente e de compartilhar conhecimentos de forma colaborativa. Ao final, foi aberto um espaço para as perguntas da plateia.
Professor Heredero proferiu palestra sobre o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA)
Às 11h30, foi realizada a palestra “A Unifesp nas ações para a permanência de estudantes com necessidades específicas”, em que foram apresentados o histórico de ações voltadas à promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência na Unifesp e as ações e projetos em andamento relacionados à nova Política de Acessibilidade e Inclusão da Unifesp, com a participação de Marcio Horta, Marisa Sacaloski e Marina Dias, diretora de Políticas Afirmativas da Unifesp. Às 14h, foi promovido um debate com coordenadores(as) dos NAIs sobre “Permanência de estudantes com necessidades específicas: o que eu faço?”, com a participação de representantes dos NAIs da Unifesp e de outras universidades federais, como UFRN, UFPA e UFOP. Às 15h30, foi realizada uma mesa redonda com estudantes com necessidades específicas, que contou com a participação de estudantes de vários campi e com diferentes necessidades específicas. Os(As) estudantes relataram suas experiências na Unifesp apontando a qualidade do acolhimento que receberam, mas também as dificuldades relacionadas a todos os tipos de barreiras que ainda precisam ser superadas pela universidade e por outras instâncias públicas.
O evento foi encerrado com uma apresentação musical de Marcio Horta.
Fotos: Alex Reipert