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Ministério da Saúde e Unifesp destacam necessidade de ações preventivas e diagnóstico precoce para a condição que afeta milhões de brasileiros

Escrito por Ligia Gabrielli

A imagem mostra a capa de um documento intitulado "Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras", produzido pelo Ministério da Saúde. Abaixo do título principal, há um destaque verde com o subtítulo sobre epidemiologia e projeções.  No centro da capa, há uma composição visual com quatro imagens:  Duas pessoas, uma delas idosa, se abraçando. Um gráfico com barras, representando dados estatísticos. Um idoso cozinhando, segurando uma frigideira. Um médico olhando uma imagem de diagnóstico. Ao fundo, há um mapa do Brasil em tom suave. Na parte inferior, está a indicação de Brasília - DF, 2024, sugerindo o local e ano de publicação.
(Imagem: capa do relatório/reprodução)

Em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Ministério da Saúde lançou, no dia 20 de setembro, o Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras, durante evento na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília. Coordenado pela professora do programa de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Unifesp Cleusa Ferri, o relatório apresenta dados inéditos e atualizados sobre a demência no Brasil, destacando a gravidade da condição e a urgência de ações para prevenção, diagnóstico e tratamento/cuidado.

De acordo com o relatório, cerca de 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais vive com demência, o que representa aproximadamente 2,71 milhões de pessoas. As projeções indicam que, até 2050, esse número poderá alcançar 5,6 milhões de brasileiros, evidenciando a necessidade de políticas públicas que atendam a essa crescente demanda.

A demência é um conjunto de sintomas que comprometem progressivamente a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizagem e o julgamento. É uma condição que afeta a qualidade de vida da pessoa com demência e, também, o cotidiano de familiares e cuidadores que precisam lidar com os desafios do cuidado contínuo. A docente destacou que o aumento da expectativa de vida no Brasil tem contribuído para o crescimento do número de pessoas com demência, reforçando a necessidade de estratégias para prevenção e tratamento adequados.

O relatório mostra que a prevalência da demência é maior entre as mulheres, com 9,1% dos diagnósticos - enquanto entre os homens esse percentual é de 7,7%. Também foram observadas variações regionais: o Nordeste apresentou a maior prevalência, com 10,4%, enquanto a região Sul teve a menor taxa, com 7,3%. O relatório também aborda o estigma associado à demência, que impacta diretamente a busca por diagnóstico e tratamento, e está entre as razões para as altas taxas de subdiagnóstico encontradas no relatório. Cerca de 80% das pessoas com demência no Brasil não estão diagnosticadas, e que estas taxas são mais altas nas regiões norte e nordeste. A desinformação e o preconceito dificultam a integração social e o apoio às pessoas com demência e seus cuidadores, tornando a conscientização pública sobre a doença uma prioridade. Esses dados ressaltam a necessidade de políticas de saúde que considerem as diferenças regionais e busquem atender as necessidades das pessoas com demência e seus familiares em todo o país .

O secretário-adjunto de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Jérzey Timóteo, ressaltou a importância da elaboração do relatório em parceria com a Unifesp: "Esse trabalho conjunto é uma oportunidade de conhecer a realidade da população brasileira e os fatores de riscos modificáveis. A atenção primária tem um papel chave, na qual podemos atuar no processo de promoção, prevenção, diagnóstico oportuno e, por fim, articular com a atenção especializada para um cuidado específico".

Atenção primária e diagnóstico

Durante o evento, foi apresentado um fluxograma para a identificação da demência na Atenção Primária à Saúde (APS) , desenvolvida pela equipe da Unifesp que busca apoiar a qualificação de profissionais generalistas e promover um diagnóstico oportuno. A ideia é que o diagnóstico seja realizado por uma equipe multidisciplinar, garantindo que a identificação precoce da condição seja feita, permitindo um tratamento mais eficaz e personalizado para os pacientes.

O relatório também destaca que aproximadamente 48% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou retardados, caso os 12 fatores de risco mais bem estabelecidos pudessem ser eliminados. Entre esses fatores modificáveis estão a baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão, inatividade física e isolamento social. Cleusa Ferri destacou que a promoção de hábitos saudáveis e a prevenção ao longo da vida são essenciais para reduzir a incidência de demência no futuro.

Perspectivas

A divulgação do Relatório Nacional sobre Demência representa um passo fundamental para a compreensão do cenário da doença no Brasil e a necessidade de aprimoramento das políticas públicas de saúde. Ao abordar a demência de maneira multidisciplinar, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz, o relatório busca oferecer subsídios para o desenvolvimento de ações que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.

O Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras está disponível para consulta pública e serve como um guia para profissionais de saúde, gestores, familiares e toda a sociedade brasileira na busca por soluções eficazes para enfrentar a demência no país.

 

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