Universidade Federal de São Paulo

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Informações da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp

Atividade fez parte do evento Ações Afirmativas e Educação: diálogos África do Sul e Brasil

Escrito por José Luiz Guerra

A imagem mostra uma mesa de debate em um auditório ou sala de conferências da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Há cinco pessoas sentadas na mesa, cada uma com um microfone e garrafas de água à sua frente.  A mesa possui um painel com o nome da UNIFESP e a inscrição "Universidade Federal de São Paulo". Ao fundo, há um telão projetando uma videoconferência, onde uma mulher aparece falando remotamente.  As pessoas na mesa demonstram expressões atentas e engajadas. Uma mulher de cabelos cacheados à esquerda está conversando com um homem ao seu lado, que veste um terno azul. No centro, uma mulher de cabelos curtos usa um blazer marrom. À sua direita, uma mulher com tranças e vestido amarelo parece estar segurando o microfone. Outra mulher, de cabelos curtos e óculos, veste uma blusa branca e acessórios coloridos.  O ambiente tem um tom formal e acadêmico, sugerindo um evento importante, possivelmente uma palestra ou discussão sobre temas acadêmicos, sociais ou políticos.
Além de Siyabulela Mandela, compuseram a mesa de abertura Raiane Assumpção, Ellen de Lima Souza, Suzan Pantaroto e Karen Spadari

A Universidade Federal de São Paulo, por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas (Praepa), promoveu, na tarde do dia 13/2, uma palestra com o professor e ativista na área de direitos humanos e igualdade racial Siyabulela Mandela. A atividade fez parte do evento Ações Afirmativas e Educação: diálogos África do Sul e Brasil, que integra o curso Pertencimento e a Política Carolina Maria de Jesus, e foi transmitida pelo canal Unifesp Ao Vivo no YouTube. Siyabulela Mandela é bisneto de Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, entre 1994 e 1999, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1993 e figura histórica na luta contra o Apartheid.

Além de Siyabulela Mandela, compuseram a mesa de abertura a reitora, Raiane Assumpção, as pró-reitoras adjuntas de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas, Ellen de Lima Souza, e de Pós-Graduação e Pesquisa, Suzan Pantaroto, e a secretária de Relações Internacionais, Karen Spadari.

A imagem mostra um close-up de duas mulheres sentadas à mesa em um evento ou conferência. A mulher à direita, de pele clara, cabelos curtos e loiros, está falando ao microfone com uma expressão séria e gesticulando com a mão esquerda. Ela usa óculos, brincos dourados grandes, uma blusa branca de alças e um crachá pendurado em um cordão colorido. Na mesa, há várias garrafas de água, copos descartáveis, um caderno e outros materiais.  À esquerda, uma outra mulher, de pele mais escura e cabelos trançados, veste um vestido amarelo com estampa africana. Ela está sorrindo e parece ouvir atentamente a fala da colega.  O fundo da imagem mostra uma parede clara com uma placa verde, possivelmente uma indicação de saída ou segurança. A cena reforça um ambiente acadêmico ou institucional, sugerindo um evento de debate ou palestra.
Karen Spadari, secretária da SRI

Karen Spadari deu início às falas da mesa de abertura agradecendo pelo convite feito e saudou os(as) demais componentes da mesa, em especial Siyabulela Mandela, reforçando sua atuação acadêmica, ativismo, além de destacar similaridades entre Brasil e África, em especial na área da educação. “Não temos outro caminho a percorrer que não seja por meio da educação, para que possamos ter um mundo melhor, uma vida melhor. Então, eu espero que a partir de hoje as nossas relações sejam mais estreitas com a Nelson Mandela University para que tenhamos ações mais efetivas que sejam importantes para ambas instituições e para o mundo”.

Em seguida, Suzan Pantaroto, em participação por videoconferência, falou da atuação da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa no que tange à Política Carolina Maria de Jesus, tais como a implantação das bancas de heteroidentificação, a reserva de vagas para candidatos(as) pretos(as), pardos(as) e indígenas. “A garantia da não promoção do racismo estrutural, institucional e quaisquer formas de discriminação, desigualdade ou preconceito relacionados à cor, raça, credo, etnia ou qualquer condição é um real compromisso institucional, onde a nossa Pró-Reitoria vem atuando fortemente junto à Praepa”, ponderou. Suzan também parabenizou a Praepa pela realização do evento e de outras diversas ações institucionais voltadas ao tema.

A imagem mostra uma mulher com tranças e pele morena falando ao microfone durante um evento. Ela veste um vestido amarelo com estampa africana e acessórios dourados, incluindo brincos longos. Seu rosto transmite expressividade, sugerindo que está explicando algo com entusiasmo.  Ao fundo, outra mulher de cabelos curtos e pele clara, vestindo um blazer marrom e um colar escuro, está sentada e parece estar ouvindo atentamente.  Na mesa, há várias garrafas de água, copos descartáveis e materiais de anotações, reforçando o ambiente formal da palestra ou debate. O cenário mantém a mesma composição das imagens anteriores, indicando que fazem parte do mesmo evento acadêmico ou institucional.
Ellen de Lima Souza, pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas

Na sequência, a pró-reitora adjunta da Praepa agradeceu os servidores e servidoras que atuaram fortemente pela implementação da Política Carolina Maia de Jesus na Unifesp, aos membros da Ebony English, entidade que apoiou na tradução do evento para a língua Portuguesa, e lembrou que o evento é a segunda ação que integra o curso Pertencimento e a Política Carolina Maria de Jesus, sendo que o primeiro encontro, realizado em setembro de 2024, contou com a palestra da escritora e ativista Cida Bento. Ellen celebrou a possibilidade de receber a visita de Siyabulela Mandela e de debater o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, premissa estabelecida na Lei de Diretrizes e Bases. “Essa possibilidade que temos aqui hoje, recebendo o nosso querido “Dr. Madiba”, é a quem eu agradeço e faço toda a deferência pela história de luta, pela brilhante trajetória, mesmo tão jovem, e também pelo reconhecimento da ancestralidade, porque ele é uma pessoa que nos inspira. Poder olhar para o “Dr. Madiba” hoje é a certeza de que nós podemos chegar cada vez mais longe, levando como meta também o que estabeleceu o bisavô dele, Nelson Mandela, e também tantas outras lutas de diálogos fundamentais que vão estruturar o movimento negro no Brasil”. Também agradeceu aos docentes do Departamento de Educação da USP que ajudaram na concepção da política Carolina Maria de Jesus na Unifesp.

Completando a mesa de abertura, a reitora, Raiane Assumpção, agradeceu a equipe da Praepa que se colocou no processo de organização da Política Carolina Maria de Jesus, a SRI pela atuação junto às instituições estrangeiras, em especial as que integram a relação Sul-Sul, política de internacionalização que prioriza a relação entre a América Latina e a África, às pró-reitorias de Graduação, de Extensão e Cultura e de Pós-Graduação e Pesquisa pelo apoio na implementação das políticas afirmativas nos cursos e programas e enalteceu a presença de Siyabulela Mandela. “É motivo de muita honra para nós poder contar com a presença do Prof. Dr. Madiba, tanto pelo significado dele enquanto professor e doutor na área, como também pelo significado simbólico de uma tradição, de uma luta, de uma hereditariedade que tem como símbolos a liberdade e a luta para que a equidade exista entre os povos, e entre a humanidade”.

A imagem mostra três mulheres sentadas à mesa durante um evento ou conferência. A mulher à esquerda, que parece estar falando, usa um microfone e gesticula com a mão. Ela veste uma blusa marrom e um colar colorido. As outras duas mulheres estão ouvindo atentamente; a do meio veste uma roupa estampada em tons de amarelo e preto, e a terceira, à direita, usa uma blusa branca e óculos. Há garrafas de água e copos sobre a mesa, e ao fundo, um telão com um logotipo e uma parede clara. Parece ser um ambiente formal, possivelmente um painel de discussão ou uma palestra.
Raiane Assumpção, reitora da Unifesp, durante a mesa de abertura

Em relação à implementação das cotas, a reitora relembrou todo o histórico da universidade nessa área, iniciada antes mesmo da criação da Lei de Cotas na graduação, passando pela implementação na pós-graduação e nos concursos públicos para docentes e técnicos(as) administrativos(as) em educação, tornando-se referência na área. “Tudo isso vai fazendo com que a nossa universidade possa dialogar e avançar no seu papel institucional de formação, criação de políticas públicas, e também para que tenhamos uma sociedade com uma consciência e com relações estabelecidas de forma mais equânime e justas”, completou. Ao final de sua fala, a reitora entregou uma lembrança da Unifesp a Siyabulela Mandela.

A imagem mostra um momento de interação entre duas pessoas em um ambiente formal. Um homem jovem, vestido com um elegante terno azul e gravata, está recebendo uma sacola branca de uma mulher vestida com uma blusa marrom e calça verde. Ambos estão sorrindo e parecem felizes com a troca. A mulher está usando um crachá, sugerindo que ela pode ser uma organizadora ou participante do evento. O fundo é simples, com cadeiras pretas acolchoadas, indicando que a cena ocorre em uma sala de conferência ou auditório. O gesto da entrega da sacola pode representar um presente, um reconhecimento ou uma lembrança do evento.
Reitora entregou uma lembrança da Unifesp a Siyabulela Mandela

Encerrada a mesa de abertura teve início a mesa de debates do evento, da qual participaram Siyabulela Mandela, Thaís Marie Camargo Sena, estudante de Mestrado em Educação na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos e professora da Ebony English, que, na ocasião, fez a tradução do evento, Rosenilton Silva de Oliveira, professor livre-docente da Faculdade de Educação da USP e Rodrigo Eduardo Faustino, fundador da Ebony English.

Siyabulela Mandela destaca a ancestralidade, identidade e história

Durante sua palestra, Siyabulela Mandela, se apresentou, mencionando sua ancestralidade e a importância de reconhecer as contribuições de seus antepassados, destacando a conexão entre identidade e história. O palestrante expressou a importância de discutir ações afirmativas, ressaltando ser um tema complexo, que frequentemente gera controvérsias e compartilhou suas experiências de ativismo e os desafios enfrentados em ambientes acadêmicos.

A imagem mostra um painel de discussão durante um evento. O foco principal está em um homem jovem, de terno azul e gravata, que está falando e gesticulando com as mãos. Ele tem um sorriso expressivo e parece engajado na conversa. Ao lado dele, há outros painelistas, incluindo uma mulher de cabelos cacheados e blusa amarela, que também sorri, e um homem de terno azul que escuta atentamente. Na mesa há garrafas de água e papéis, indicando que o evento é formal. Ao fundo, há bandeiras, incluindo a do Brasil e do estado de São Paulo, sugerindo que a palestra acontece em uma instituição brasileira. A atmosfera é profissional e acadêmica, com os participantes demonstrando interesse e envolvimento na discussão.
Siyabulela Mandela durante sua palestra

Em relação às suas experiências em diferentes países, Mandela destacou as semelhanças entre as lutas sociais no Brasil e na África do Sul e a necessidade de colaboração entre países que enfrentam problemas sociais semelhantes, sugerindo que estratégias conjuntas poderiam ser desenvolvidas para abordar essas questões. “As condições sociais e materiais do Brasil e da África do Sul são semelhantes, refletindo a continuidade da opressão histórica. Isso se manifesta nas favelas brasileiras e nas “townships” sul-africanas, onde a desumanização é evidente”, apontou.

Mandela trouxe o exemplo de como a África do Sul atua na implementação de ações afirmativas, buscando corrigir injustiças históricas causadas pelo colonialismo e racismo, impondo um desafio significativo na sociedade sul-africana, afetando o acesso à educação pública e oportunidades iguais de trabalho para a população negra. Esse legado ainda impacta as novas gerações. “As instituições educacionais na África do Sul foram, historicamente, desenhadas para excluir a população negra, perpetuando um ciclo de desigualdade. Essa realidade é um reflexo de um sistema que não foi feito para todos”.

A imagem mostra um auditório onde está ocorrendo um evento ou palestra. Há um painel de cinco pessoas sentadas atrás de uma mesa no palco, envolvidas em uma discussão. Entre os painelistas, há homens e mulheres, e um deles parece estar falando enquanto os outros escutam atentamente. Atrás da mesa, há bandeiras, incluindo a do Brasil e outra que pode ser de um estado ou instituição. O público está sentado em cadeiras verdes, ouvindo a palestra. Algumas pessoas estão vestidas formalmente, enquanto outras têm vestimentas mais casuais. No primeiro plano, um homem com um chapéu de palha aparece de costas. O ambiente tem um tom acadêmico ou institucional, com um telão ao fundo e uma estrutura organizada para a discussão.
Plateia acompanhando a palestra de Siyabulela Mandela

Sobre a mudança na educação, afirmou que as transformações institucionais no processo de formação de professores são cruciais para enfrentar os desafios da educação básica e revelam a necessidade de uma abordagem inclusiva e diversificada na formação, sendo fundamental a descentralização do currículo e o reconhecimento das línguas nacionais e suas culturas, o que permite uma educação que respeita e valoriza a diversidade cultural e identitária dos estudantes.

Por fim, em relação ao legado de seu bisavô, Mandela destacou a importância de se lutar contra injustiças para que as gerações futuras não sofram as mesmas experiências. “A importância da mudança social na África do Sul promovida por Madiba é inegável. Ele perdeu 27 anos de vida, mas seu impacto foi significativo e duradouro. Em apenas cinco anos, Madiba conseguiu promover transformações que o Apartheid não conseguiu alcançar em um século”, finalizou.

Após a fala de Mandela, Rosenilton Silva de Oliveira apresentou os resultados de uma pesquisa multidisciplinar, realizada em escolas e comunidades sul-africanas, da qual participaram a USP, a Unifesp e a UERJ, além da University of the Western Cape, da África do Sul, que buscou investigar o processo de transformação das diferenças socioculturais em desigualdades sociais expressos no interior de sociedades multiculturais e sua reprodução em contextos escolares, além de compreender em que consistia uma educação antirracista. na sequência, Rodrigo Faustino enalteceu a presença de Siyabulela Mandela em um evento acadêmico no Brasil e fez um questionamento acerca da possibilidade de trabalho conjunto entre a diáspora e o continente africano.

Finalizando o evento, Ellen de Lima Souza agradeceu a todos(as) os(as) presentes no evento, pela parceria institucional com as pró-reitorias de Extensão e Cultura, de Graduação, e de Pós-Graduação para a realização do evento e, em especial, pela possibilidade da realização de pesquisas que buscam compreender e valorizar a cultura e a sabedoria ancestral.

Fotos: Alex Reipert

 

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