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Evento reuniu 80 estudantes indígenas, além de convidados(as), representantes de entidades, estudantes, docentes e técnicos(as) dos demais cursos do Campus Baixada Santista

Escrito por José Luiz Guerra

 
Estudante da Lindi falnado com o público durante o evento

Na tarde do último dia 8/4, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recepcionou a 2.ª turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Lindi). O evento de boas-vindas ocorreu no Campus Baixada Santista, que sedia o curso. No total, 80 estudantes indígenas participaram da recepção, além de convidados(as), representantes de entidades, estudantes, docentes e técnicos(as) dos demais cursos do Campus Baixada Santista.

A Lindi é um curso de graduação singular no Estado de SP e fruto de um amplo movimento social, liderado pelo Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo (Fapisp). A primeira turma teve início em 2024. As diretrizes diferenciadas do projeto pedagógico da Lindi são permanentemente debatidas no Conselho Político, que se reuniu nesta semana no campus e também participou do evento.

A imagem mostra um grupo de homens, a maioria indígenas, sentados em um auditório ou sala de eventos, prestando atenção ao que está sendo apresentado. Alguns usam camisetas com os dizeres "LINDI", outras com a inscrição "YVY RUPA". A atmosfera é de atenção e envolvimento, sugerindo que participam de uma atividade formativa, cultural ou acadêmica, possivelmente ligada a uma universidade ou evento indígena.
Grupo de estudantes da Lindi

Coordenado pela professora Valéria Macedo e vice-coordenado pelo professor Vinícius Demarchi Silva Terra, o curso oferece 40 vagas por turma e foi criado para contribuir com a efetivação dos direitos indígenas à educação diferenciada, intercultural, bilíngue e comunitária. Os(as) discentes já atuam como professores(as) indígenas nas escolas de suas aldeias, no Estado de São Paulo, mas não tinham a oportunidade de acessar o ensino superior até o ingresso na Lindi.

A ênfase do curso é no ensino infantil e anos iniciais do ensino fundamental, mas oferece uma formação mais ampla do que uma formação em pedagogia, buscando formar professores(as)-pesquisadores(as) que sejam também lideranças comunitárias e representantes de seu povo.

O evento seguiu a diretriz intercultural do projeto e contou com manifestações dos povos que têm estudantes na Lindi: Guarani M’bya, Tupi Guarani, Guarani Mbyá, Guarani Nhandewa, Awa Guarani, Tupi Guarani, Kaingang, Krenak e Terena, que abriram a noite com um canto de um líder espiritual guarani mbya, seguido de apresentação de uma dança do povo terena.

A imagem retrata um grupo de mulheres indígenas participando de uma dança tradicional em um ambiente fechado. Elas vestem trajes típicos feitos de palha ou tecido com padrões geométricos e usam adornos como cocares, colares coloridos e pintura corporal. Estão de mãos dadas em duplas, movimentando-se com alegria e concentração. Ao fundo, outras pessoas assistem à apresentação, indicando que se trata de um evento cultural, provavelmente ligado a uma celebração ou encontro indígena.
Manifestação cultural realizada durante o evento

Compuseram a mesa de abertura a reitora Raiane Assumpção, as pró-reitoras de Extensão e Cultura, Débora Galvani, e de Graduação, Ana Gouw, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas, Anderson Rosa, o diretor do Instituto de Saúde Sociedade (ISS/Unifesp), Fernando Kinker, a coordenadora Valéria Macedo, o representante da Funai e do povo Tupi Guarani, Ubiratan Gomes, a representante do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas no Estado de São Paulo, Cristine Takua, e o representante do Conselho Político, Sérgio Popygua, bem como os representantes discentes das duas turmas, Renato Werá e Timóteo Verá Popygua.

A imagem mostra uma mesa de autoridades ou convidados em um evento formal, provavelmente relacionado à temática indígena. O grupo é diverso, composto por homens e mulheres, incluindo representantes indígenas e não indígenas. Estão sentados lado a lado, atentos, possivelmente ouvindo alguma fala. À frente, a mesa está coberta com uma toalha branca e outra com tecidos coloridos e desenhos tradicionais. Ao fundo, um banner com o logo da UNIFESP e a inscrição "TERRA INDÍGENA" reforça o contexto institucional e cultural do encontro.
A mesa de abertura foi composta, da esquerda para a direita, por Débora Galvani, Valéria Macedo, Ubiratan Gomes, Raiane Assumpção, Fernando Kinker, Ana Gouw e Anderson Rosa  

A reitora celebrou a ocasião e situou os desafios atuais para consolidar uma educação comprometida com a democracia e a valorização da diversidade de pessoas e conhecimentos na universidade. Destacou o pioneirismo do Instituto Saúde e Sociedade da Unifesp (ISS/Unifesp) que, em 2025, abriu vagas exclusivas para estudantes indígenas em todos os cursos de graduação oferecidos, mas ponderou que a abertura de vagas não é suficiente para garantir a inclusão e permanência dos(as) estudantes na universidade e convidou toda a comunidade a fazer uma reflexão mais profunda sobre as dificuldades históricas que afastaram os estudantes indígenas das universidades.

O professor Fernando Kinker, diretor do ISS/Unifesp, evocou as lutas indígenas pela terra como um exemplo sobre como avançam as políticas públicas, dado que as suas condições de implantação nem sempre são ideais, mas é preciso coragem e permanecer na luta para garantir as transformações.

A imagem mostra uma mulher em pé, falando ao microfone diante de um grupo de pessoas sentadas em cadeiras organizadas em fileiras. Ao lado dela, há um banner com o logotipo da UNIFESP e os dizeres "TERRA INDÍGENA", além de uma mesa decorada com tecidos coloridos e padrões tradicionais. O ambiente é interno, possivelmente um saguão universitário, e a audiência parece atenta e diversificada, refletindo um momento de diálogo ou apresentação durante um evento acadêmico-cultural com foco nas questões indígenas.
A reitora destacou a valorização da diversidade de pessoas e conhecimentos na universidade

A coordenadora da Lindi, professora Valéria Macedo, bem como as bolsistas que conduziram o cerimonial, fizeram menção especial à ampla rede de parceiros(as) e apoiadores(as) que colaboram diariamente para a consolidação da Lindi, como o Comitê Interaldeias, o Conselho Indigenista Missionário, o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Instituto Pro Comum, o Engenho dos Erasmus da Universidade de São Paulo, o Instituto Elos e o PET Educação Popular. Em seu discurso, emocionou-se ao citar a importância dos laços afetivos criados entre todos(as) na Lindi, mostrando que a Lindi se fortalece a cada dia pela amizade construída entre todos(as) os(as) estudantes.

Após o evento, o vice-coordenador Vinícius Terra comemorou o início de uma nova turma, que significa a consolidação do curso e reforçou a sua importância na garantia da educação pública e de qualidade às comunidades tradicionais.

O evento também contou com a participação da bateria universitária da Unifesp Repicapau, sendo finalizado com uma grande roda no saguão com cantos do povo Guarani.

A imagem mostra um grupo de jovens tocando instrumentos de percussão em um espaço interno com outras pessoas assistindo ao fundo. Os jovens na frente estão tocando diversos instrumentos, incluindo chocalhos, tambores de mão e instrumentos feitos com cones coloridos. Eles vestem camisetas com estampas vibrantes e shorts ou calças. Uma jovem no centro está cantando em um microfone. Ao fundo, várias pessoas estão sentadas e em pé, observando a apresentação. O ambiente parece ser um salão ou auditório com iluminação artificial e paredes claras.
Bateria universitária da Unifesp Repicapau

Fotos: Alex Reipert

 

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