Unifesp celebra chegada da 2.ª turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena
Evento reuniu 80 estudantes indígenas, além de convidados(as), representantes de entidades, estudantes, docentes e técnicos(as) dos demais cursos do Campus Baixada Santista
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Estudante da Lindi falnado com o público durante o evento
Na tarde do último dia 8/4, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recepcionou a 2.ª turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Lindi). O evento de boas-vindas ocorreu no Campus Baixada Santista, que sedia o curso. No total, 80 estudantes indígenas participaram da recepção, além de convidados(as), representantes de entidades, estudantes, docentes e técnicos(as) dos demais cursos do Campus Baixada Santista.
A Lindi é um curso de graduação singular no Estado de SP e fruto de um amplo movimento social, liderado pelo Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo (Fapisp). A primeira turma teve início em 2024. As diretrizes diferenciadas do projeto pedagógico da Lindi são permanentemente debatidas no Conselho Político, que se reuniu nesta semana no campus e também participou do evento.
Grupo de estudantes da Lindi
Coordenado pela professora Valéria Macedo e vice-coordenado pelo professor Vinícius Demarchi Silva Terra, o curso oferece 40 vagas por turma e foi criado para contribuir com a efetivação dos direitos indígenas à educação diferenciada, intercultural, bilíngue e comunitária. Os(as) discentes já atuam como professores(as) indígenas nas escolas de suas aldeias, no Estado de São Paulo, mas não tinham a oportunidade de acessar o ensino superior até o ingresso na Lindi.
A ênfase do curso é no ensino infantil e anos iniciais do ensino fundamental, mas oferece uma formação mais ampla do que uma formação em pedagogia, buscando formar professores(as)-pesquisadores(as) que sejam também lideranças comunitárias e representantes de seu povo.
O evento seguiu a diretriz intercultural do projeto e contou com manifestações dos povos que têm estudantes na Lindi: Guarani M’bya, Tupi Guarani, Guarani Mbyá, Guarani Nhandewa, Awa Guarani, Tupi Guarani, Kaingang, Krenak e Terena, que abriram a noite com um canto de um líder espiritual guarani mbya, seguido de apresentação de uma dança do povo terena.
Manifestação cultural realizada durante o evento
Compuseram a mesa de abertura a reitora Raiane Assumpção, as pró-reitoras de Extensão e Cultura, Débora Galvani, e de Graduação, Ana Gouw, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas, Anderson Rosa, o diretor do Instituto de Saúde Sociedade (ISS/Unifesp), Fernando Kinker, a coordenadora Valéria Macedo, o representante da Funai e do povo Tupi Guarani, Ubiratan Gomes, a representante do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas no Estado de São Paulo, Cristine Takua, e o representante do Conselho Político, Sérgio Popygua, bem como os representantes discentes das duas turmas, Renato Werá e Timóteo Verá Popygua.
A mesa de abertura foi composta, da esquerda para a direita, por Débora Galvani, Valéria Macedo, Ubiratan Gomes, Raiane Assumpção, Fernando Kinker, Ana Gouw e Anderson Rosa
A reitora celebrou a ocasião e situou os desafios atuais para consolidar uma educação comprometida com a democracia e a valorização da diversidade de pessoas e conhecimentos na universidade. Destacou o pioneirismo do Instituto Saúde e Sociedade da Unifesp (ISS/Unifesp) que, em 2025, abriu vagas exclusivas para estudantes indígenas em todos os cursos de graduação oferecidos, mas ponderou que a abertura de vagas não é suficiente para garantir a inclusão e permanência dos(as) estudantes na universidade e convidou toda a comunidade a fazer uma reflexão mais profunda sobre as dificuldades históricas que afastaram os estudantes indígenas das universidades.
O professor Fernando Kinker, diretor do ISS/Unifesp, evocou as lutas indígenas pela terra como um exemplo sobre como avançam as políticas públicas, dado que as suas condições de implantação nem sempre são ideais, mas é preciso coragem e permanecer na luta para garantir as transformações.
A reitora destacou a valorização da diversidade de pessoas e conhecimentos na universidade
A coordenadora da Lindi, professora Valéria Macedo, bem como as bolsistas que conduziram o cerimonial, fizeram menção especial à ampla rede de parceiros(as) e apoiadores(as) que colaboram diariamente para a consolidação da Lindi, como o Comitê Interaldeias, o Conselho Indigenista Missionário, o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Instituto Pro Comum, o Engenho dos Erasmus da Universidade de São Paulo, o Instituto Elos e o PET Educação Popular. Em seu discurso, emocionou-se ao citar a importância dos laços afetivos criados entre todos(as) na Lindi, mostrando que a Lindi se fortalece a cada dia pela amizade construída entre todos(as) os(as) estudantes.
Após o evento, o vice-coordenador Vinícius Terra comemorou o início de uma nova turma, que significa a consolidação do curso e reforçou a sua importância na garantia da educação pública e de qualidade às comunidades tradicionais.
O evento também contou com a participação da bateria universitária da Unifesp Repicapau, sendo finalizado com uma grande roda no saguão com cantos do povo Guarani.
Bateria universitária da Unifesp Repicapau
Fotos: Alex Reipert