Cátedras Sustentabilidade e Kaapora promovem curso de extensão voltado para o povo Wauja
Realizado na terra indígena Batovi, situada no Parque Indígena do Xingu, atividades abordaram os desafios de receber visitantes no local
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Alunos(as) do curso e docentes da Unifesp ministrando as oficinas (foto: Zysman Neiman)
A Universidade Federal de São Paulo, representada pelas Cátedras Kaapora e Sustentabilidade e Visões de Futuro, promoveu um programa de extensão voltado para o povo Wauja, da terra indígena Batovi, situada no Parque Indígena do Xingu, MT. Entre as ações, foram realizadas três oficinas criadas de acordo com as demandas dos Wauja, que inauguraram, em 2023, um ecomuseu em sua aldeia. Para viabilizar as oficinas, além do apoio da Associação Indígena Ulupuene, as cátedras ganharam, em 2023, o Edital Universal do CNPq para grupos emergentes.
Aldeia Ulupuene onde ocorreram as oficinas (foto: Zysman Neiman)
A equipe do projeto é multidisciplinar e interinstitucional, composta por integrantes de instituições nacionais e internacionais. Representando a Unifesp, fazem parte da equipe da professora Andrea Rabinovici, do Departamento de Ciências Ambientais do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema e vice coordenadora da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro, e Ilana Goldstein, docente do Departamento de História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos e uma das coordenadoras da Cátedra Kaapora, além da mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da EFLCH/Unifesp Vitória Machado. Pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) participam a professora do Departamento de Antropologia Clarice Cohn e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social Tamires Cristina dos Santos. Por fim, representando a University of East Anglia, do Reino Unido está o professor Aristóteles Barcelos Neto, que foi fundamental na mediação com o povo Wauja, com quem trabalha desde 1998.
Atividade prática (foto: Zysman Neiman)
A primeira oficina ocorreu entre os dias 7 e 11 de novembro de 2024, com o tema Turismo e Museus em Terras Indígenas, ministrada por Andrea Rabinovici e pelo docente do Departamento de Ciências Ambientais do ICAQF/Unifesp e coordenador da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro, Zysman Neiman. As oficinas ocorreram em português, com tradução de Autaki Waurá, coordenador do Museu Ulupuwene e renderam certificado de participação com carga horária de 20 horas aos(às) participantes.
Atividade prática (foto: Whaja Waurá)
O curso forneceu à comunidade mais subsídios para decidir se quer ou não – e como – receber visitantes. Caso decidam por recebê-los, precisarão, conforme Instrução Normativa da Funai, aprovar um plano de visitação. Os docentes compartilharam informações sobre tais exigências e iniciaram a elaboração da versão preliminar do Plano, para que os alunos possam apresentar à comunidade e aprimorá-la. Além disso, foram entregues planos de visitação de outras aldeias, já aprovados, bem como diversos manuais de turismo de base comunitária, incluindo alguns de turismo em terras indígenas.
Cacique Aldeia Ulupuwene entrega certificado a aluno (foto: Whaja Waurá)
Ao todo, concluíram o curso 32 indígenas do povo Wauja, sendo 11 mulheres e 21 homens, que receberam os certificados durante uma celebração organizada por eles, com dança e belos adornos tradicionais. As próximas duas oficinas estão previstas para 2025, com temáticas afins, como museu, educação e arte no contexto deste povo.
Comunidade festejando fim do curso com certificados Unifesp (foto: Zysman Neiman)
O projeto contempla simultaneamente ensino, pesquisa e extensão, promovendo intensa troca de saberes, e ao mesmo tempo almejando objetivos concretos, em alinhamento com as missões das Cátedras e das universidades envolvidas. Receber ou não visitantes na Aldeia é uma decisão que envolve dilemas importantes em um desafio de grande complexidade, especialmente no contexto do Parque Indígena do Xingu, que tem um enorme potencial de atrair turistas, ainda pouco explorado. O turismo traz muitos impactos e, a comunidade precisa estar ciente e preparada para que eles sejam benéficos, em sua maioria.