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Realizado na terra indígena Batovi, situada no Parque Indígena do Xingu, atividades abordaram os desafios de receber visitantes no local

Escrito por José Luiz Guerra

A imagem mostra um grupo de pessoas participando de uma aula ou oficina em um ambiente tradicional, semelhante a uma oca, com decoração típica indígena nas paredes, como padrões geométricos em preto, branco e vermelho. Os participantes estão sentados em carteiras escolares, prestando atenção a uma apresentação. Uma mulher está de pé, aparentemente conduzindo a atividade, com um projetor exibindo uma imagem em uma tela à frente. A atmosfera sugere um evento educacional, como uma oficina ou curso voltado para a comunidade local, combinando saberes tradicionais e conhecimentos externos.
Alunos(as) do curso e docentes da Unifesp ministrando as oficinas (foto: Zysman Neiman)

A Universidade Federal de São Paulo, representada pelas Cátedras Kaapora e Sustentabilidade e Visões de Futuro, promoveu um programa de extensão voltado para o povo Wauja, da terra indígena Batovi, situada no Parque Indígena do Xingu, MT. Entre as ações, foram realizadas três oficinas criadas de acordo com as demandas dos Wauja, que inauguraram, em 2023, um ecomuseu em sua aldeia. Para viabilizar as oficinas, além do apoio da Associação Indígena Ulupuene, as cátedras ganharam, em 2023, o Edital Universal do CNPq para grupos emergentes.

A imagem captura uma cena vibrante e culturalmente rica em uma aldeia indígena. No centro, um amplo espaço aberto de terra batida serve como palco para diversas atividades. Crianças indígenas, vestindo roupas coloridas e tradicionais, estão reunidas em um círculo, observando atentamente algo que ocorre ao fundo. Seus rostos transmitem curiosidade e animação.  Ao fundo, a paisagem se estende com casas típicas das comunidades indígenas, construídas com materiais naturais e apresentando formas cônicas características. Essas casas, distribuídas em um campo aberto, criam um cenário bucólico e convidativo. A vegetação circundante, composta por árvores altas e arbustos, adiciona um toque de verde à composição e proporciona sombra aos moradores da aldeia.  O céu, um azul claro e límpido, contrasta com as nuvens brancas e esponjosas que se espalham pelo horizonte. A luz natural do sol, que incide sobre a cena, confere à imagem um tom quente e acolhedor, realçando as cores vibrantes das roupas das crianças e da vegetação.
Aldeia Ulupuene onde ocorreram as oficinas (foto: Zysman Neiman)

A equipe do projeto é multidisciplinar e interinstitucional, composta por integrantes de instituições nacionais e internacionais. Representando a Unifesp, fazem parte da equipe da professora Andrea Rabinovici, do Departamento de Ciências Ambientais do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema e vice coordenadora da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro, e Ilana Goldstein, docente do Departamento de História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos e uma das coordenadoras da Cátedra Kaapora, além da mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da EFLCH/Unifesp Vitória Machado. Pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) participam a professora do Departamento de Antropologia Clarice Cohn e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social Tamires Cristina dos Santos. Por fim, representando a University of East Anglia, do Reino Unido está o professor Aristóteles Barcelos Neto, que foi fundamental na mediação com o povo Wauja, com quem trabalha desde 1998.

A imagem mostra um grupo de pessoas em um barco motorizado navegando em um rio de águas turvas, cercado por vegetação densa e verde, sugerindo uma floresta tropical. O motor do barco é visível na parte traseira, com a marca "Yamaha" destacada. O grupo está sentado, com alguns membros apontando para algo no ambiente ao redor, possivelmente observando a fauna ou a paisagem. A cena sugere um passeio ou expedição em um ambiente natural, como a Amazônia ou outro rio em área de floresta tropical.
Atividade prática (foto: Zysman Neiman)

A primeira oficina ocorreu entre os dias 7 e 11 de novembro de 2024, com o tema Turismo e Museus em Terras Indígenas, ministrada por Andrea Rabinovici e pelo docente do Departamento de Ciências Ambientais do ICAQF/Unifesp e coordenador da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro, Zysman Neiman. As oficinas ocorreram em português, com tradução de Autaki Waurá, coordenador do Museu Ulupuwene e renderam certificado de participação com carga horária de 20 horas aos(às) participantes.

A imagem mostra um grupo de pessoas caminhando por uma trilha de terra em um ambiente rural ou natural, cercado por vegetação densa, provavelmente uma floresta tropical. O grupo inclui adultos e crianças, alguns vestindo roupas casuais e outros usando trajes que parecem típicos ou culturais. Entre eles, há pessoas carregando mochilas e objetos como garrafas de água. O clima parece ensolarado, e o terreno é coberto por grama em algumas áreas. A cena sugere uma caminhada ou atividade comunitária, possivelmente em uma área preservada ou indígena.
Atividade prática (foto: Whaja Waurá)

O curso forneceu à comunidade mais subsídios para decidir se quer ou não – e como – receber visitantes. Caso decidam por recebê-los, precisarão, conforme Instrução Normativa da Funai, aprovar um plano de visitação. Os docentes compartilharam informações sobre tais exigências e iniciaram a elaboração da versão preliminar do Plano, para que os alunos possam apresentar à comunidade e aprimorá-la. Além disso, foram entregues planos de visitação de outras aldeias, já aprovados, bem como diversos manuais de turismo de base comunitária, incluindo alguns de turismo em terras indígenas.

A imagem mostra dois homens vestidos com trajes tradicionais indígenas. Ambos estão com o corpo pintado com padrões simétricos em vermelho e preto, adornados com acessórios feitos de penas coloridas e colares. O homem à esquerda sorri e segura um certificado ou documento, enquanto o homem à direita está em pé ao lado dele, em uma postura séria. Ao fundo, há elementos decorativos com desenhos geométricos e cores predominantes em preto, vermelho e branco, possivelmente representando a cultura indígena. A cena parece estar relacionada a uma celebração ou cerimônia formal, talvez marcando a conclusão de um curso, projeto ou outro tipo de reconhecimento.
Cacique Aldeia Ulupuwene entrega certificado a aluno (foto: Whaja Waurá)

Ao todo, concluíram o curso 32 indígenas do povo Wauja, sendo 11 mulheres e 21 homens, que receberam os certificados durante uma celebração organizada por eles, com dança e belos adornos tradicionais. As próximas duas oficinas estão previstas para 2025, com temáticas afins, como museu, educação e arte no contexto deste povo.

A imagem mostra um grupo de pessoas reunidas em um ambiente tradicional, provavelmente uma oca, com teto de palha e elementos decorativos típicos de uma cultura indígena. O grupo é composto por homens e mulheres, alguns vestindo trajes e adornos tradicionais coloridos, como colares, cintos, faixas e pintura corporal, que refletem a cultura do povo Wauja. Muitas pessoas seguram certificados, indicando que participaram de alguma atividade ou curso. Há também pessoas que aparentam ser representantes de instituições ou pesquisadores. A atmosfera parece festiva e formal ao mesmo tempo, possivelmente durante uma cerimônia de conclusão de curso ou evento significativo.
Comunidade festejando fim do curso com certificados Unifesp  (foto: Zysman Neiman)

O projeto contempla simultaneamente ensino, pesquisa e extensão, promovendo intensa troca de saberes, e ao mesmo tempo almejando objetivos concretos, em alinhamento com as missões das Cátedras e das universidades envolvidas. Receber ou não visitantes na Aldeia é uma decisão que envolve dilemas importantes em um desafio de grande complexidade, especialmente no contexto do Parque Indígena do Xingu, que tem um enorme potencial de atrair turistas, ainda pouco explorado. O turismo traz muitos impactos e, a comunidade precisa estar ciente e preparada para que eles sejam benéficos, em sua maioria.

 

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