Unifesp abre processo seletivo para ingresso de indígenas

Raiane Assumpção participou de uma mesa no 1.º Seminário sobre Inclusão de Indígenas em Contexto Urbano no Mercado de Trabalho, organizado pelo Grupo de Trabalho Povos Indígenas da DPU-SP, em parceria com a SPDM

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acaba de lançar o edital do processo seletivo especial para ingresso de pessoas indígenas, marcando um avanço histórico em sua política de inclusão. Com início previsto para o 1.º semestre de 2025, as inscrições estão abertas até às 17h do dia 6 de dezembro de 2024. Acesse o edital e mais informações aqui.

Essa iniciativa é resultado de diálogos da Reitoria com lideranças indígenas atuantes no estado de São Paulo desde a gestão da professora Soraya Smaili (2013-2021), trabalho que foi formalizado e organizado a partir de 2022, quando a Unifesp formou um Grupo de Trabalho (GT) dedicado a desenvolver estratégias para o acesso e a permanência de estudantes indígenas nos cursos de graduação. Em 2023, o GT, coordenado pela reitora pro tempore Raiane Patrícia Severino Assumpção, promoveu seminários e eventos para sensibilizar a comunidade acadêmica e discutir desafios e estratégias para a inclusão indígena no ensino superior. No GT também compuseram os representantes indígenas Jibran Y. Pa, Kuiaiú Yawalapi e Timóteo Popygua, além de representantes de pró-reitorias afins.

Além disso, membros da gestão da reitoria e representantes indígenas do GT estabeleceram diálogos com o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC). Essas tratativas resultaram na solicitação de apoio para a institucionalização de políticas específicas de ingresso e permanência de estudantes indígenas na Unifesp. O MEC demonstrou abertura para as discussões e indicou que, a partir de 2024, o Programa de Bolsas Permanência (PBP) seria retomado e ampliado, garantindo bolsas a todos os estudantes indígenas e quilombolas matriculados nas instituições federais de educação superior.

Hoje, no processo seletivo realizado via Enem/Sisu já estão previstas cotas para candidatos indígenas e quilombolas. Todavia, elas não têm sido preenchidas de forma satisfatória, haja vista a dificuldade que jovens indígenas têm tido com o atual modelo de ingresso. Nesse sentido, o processo seletivo especial reforça uma abordagem que respeita as especificidades culturais e linguísticas desses estudantes. Essa iniciativa busca superar barreiras e garantir que as vagas destinadas aos indígenas sejam ocupadas.

Na última quinta-feira, 7 de novembro, a reitora Raiane participou de uma mesa no 1.º Seminário sobre Inclusão de Indígenas em Contexto Urbano no Mercado de Trabalho, organizado pelo Grupo de Trabalho Povos Indígenas da Defensoria Pública da União (DPU-SP), em parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). O evento ocorreu na sede da Defensoria Pública, na Vila Mariana, e contou com uma mesa dedicada ao tema Desafios para uma Educação Superior para os povos indígenas no Brasil, na qual Raiane discutiu os obstáculos e oportunidades no acesso ao ensino superior para as populações indígenas e anunciou que seriam abertas as vagas para o processo seletivo especial.

O lançamento do edital reafirma o compromisso da Unifesp com a inclusão e o respeito à diversidade, sendo um marco para a comunidade acadêmica e para as políticas de ação afirmativa na instituição.